A Família
Resumo
Nessa pequena
república que chamamos Família, o homem e a mulher exercem seu primeiro
magistério e sua primeira magistratura, pois lhes compete serem os primeiros
mestres na educação dos filhos e exercerem a autoridade no lar.
Os pais devem formar
os corações de seus filhos para os nobres ideais e grandeza do caráter.
Nenhum Estado ou
Governo pode, sem transgredir o Direito Natural, as leis divinas e humanas,
interferir no sentido de abolir ou enfraquecer a autonomia da Família.
Os pais têm o direito
de escolher a escola para seus filhos, razão pela qual o ensino não deve ficar
circunscrito ao âmbito do Estado, mas ampliar-se pela escola particular.
A Família perfeita
decorre do matrimônio perfeito, pelo que é preciso que a mocidade possua
consciência da responsabilidade de que assume na realização do casamento.
A Família é uma pequena
república, onde o homem e a mulher exercem seu primeiro magistério e sua
primeira magistratura.
Primeiro magistério, porque os
filhos, antes de irem para a escola, devem ser educados por seus pais, que lhes
incutem, desde a idade tenra, as noções dos deveres, as superiores aspirações
na vida, os sentimentos de amor a Deus e à Pátria. É justamente quando a
criança começa a discernir e a fazer perguntas a propósito de tudo, a ocasião
mais propícia aos ensinamentos. É a ocasião de lhe explicar os mistérios da
natureza com a linguagem simples e apropriada ao seu entendimento. É a ocasião
de lhe serem contadas história que exaltem as virtudes, despertando, no pequeno
ser, o desejo de um dia praticá-las.
Chegado o momento de mandá-la à
escola, os mestres já encontrarão terreno fertilizado para lançar a semente da
educação. Os alunos mais aplicados e de melhor comportamento são aqueles que
tiveram a ventura de crescer num lar onde os pais tiveram a consciência da sua
responsabilidade perante Deus e a nação.
Esse magistério é exercido também
pelo exemplo. Enganam-se o que julgam não ter a criança discernimento para
entender certas conversas dos grandes. Numa casa onde os assuntos são negócios,
muitas vezes ilícitos, exibições de luxo, preocupações exclusivamente materiais
e onde nunca se ouve falar de idealismo, de nobreza de caráter, de
engrandecimento das pessoas pelo sacrifício e tenacidade no trabalho, as crianças
e os adolescentes se preparam para ser homens e mulheres inúteis e até nocivos
à sociedade.
Corre hoje o preconceito de que a
educação antiga, afetuosa mas severa, criava complexos insanáveis da idade
adulta produzindo homens tímidos, indecisos, introvertidos, incapazes de
triunfar na vida. Nada mais falso. Pela educação tradicional brasileira, se
formaram crianças que um dia se chamaram Caxias,
Osório, Tamandaré, Barroso, Nabuco, Rui Barbosa. A aceitar o argumento que
hoje prepara os futuros “play-boys”,
esses grandes vultos da nossa História deveriam ter sido idiotas, complexados,
e não a personalidades cheias de grandeza que foram.
Aos pais compete, portanto, o
magistério inicial que procede o da escola. Mas além de tal prerrogativa e
impositiva missão, cabe ao pai e à mãe de família exercer grave magistratura,
exigida pelo Direito Natural e pelas leis divinas e humanas; a da autoridade
familiar.
Nenhum Estado, nenhum Governo
pode nela interferir, como acontece nos países comunistas, onde as crianças
estão sob a guarda dos progenitores somente até certa idade, sendo entregues à
autoridades estatais que lhes designam a escola e até a profissão futura. Em
nosso País, os pais escolhem livremente a escola para os seus filhos e os
encaminham de acordo com a vocação revelada no lar, sendo os brasileiros livres
para optar pela carreira que mais lhes agrada.
Dizemos, pois, que a Família é
autônoma e auto-determinativa. É o primeiro dos grupos naturais criados pelo
Homem para o cumprimento de seus deveres e defesa de seus direitos. Dessa
liberdade decorre a existência da escola particular, que deve ser mantida a fim
de que não seja ferido o direito de livre escolha pelos chefes de família.
Suprimir, ou subordinar, aos critérios da escola pública, a escola particular,
é dar o primeiro passo para estatização da família e o início da sua
destruição.
Entretanto, acima das ilegítimas
interferências do Estado, colocamos a própria disposição dos cônjuges, quando
se unem pelo casamento. Se a Família é a célula fundamental de uma Nação,
cumpre preparar a mocidade para o matrimônio.

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